En Braga ya no se hace la ceremonia del Descimento, pero tenemos noticias de su existencia en el siglo XVIII en la iglesia de la Irmandade de Santa Cruz. No se hacía todos los años, porque la Irmandade no tenía ingresos suficientes para afrontar los gastos que ocasionaba, y solía ser como mucho cada dos años, con largos intervalos en los que no se hizo. Consta que se realizó en 1729, 1760, 1770 y 1803.

En 1760 dice Inácio Peixoto en sus Memórias:

"Houve este anno hum acto chamado Decimento da Crus no patio de Santa Crus o qual havia trinta e hum annos se não celebrava. Foi feito com muita decencia e gravidade e magnificamente; houve no Theatro 43 figuras. O juis da Irmandade foi o magnanimo João Duarte de Faria que fes as grandes casas abaixo do Hospital".

La recuperación del acto en ese año de 1760 debió de ser un acontecimiento importante en la ciudad, y consta que la Santa Casa da Misericórdia mandó construir un camarote (=estrado) para que sus miembros asistiesen cómodamente a la ceremonia del Descimento (Arquivo Distrital de Braga. Fondo de la Santa Casa de Misericórdia, 14º Livro dos Termos (1757-1769), doc. nº 16, fol. 94v).

Hubo que esperar, sin embargo, una década para que volviera a hacerse, aunque según nos informa el Livro Curioso del Arquivo Distrital de Braga, en 1770 el viento y la lluvia deslucieron la representación:

"Em 13 de Abril em que foi sesta feira da Paixão se fes em Santa Crus o decendimento da Crus cousa que a des annos se não tinha feito; e este decendimento tudo feito com toda a grandeza isto he as figuras bem vestidas; e o tablado em termos de se armar como nunca se armou estiveram as vesperas de muuita chuva e no dia de sesta feira houve em todo o dia hum bento tam rijo que toda a armação do tablado beio abaixo de sorte que esteve a função para senão fazer a coal com toda esta descompusição se fes porem muito mal, e o Pregador que foi hum mestre e lente de prima do Popollo não chegou a fazer metade do sermão: enfim depois de feita esta função fesse a Procissão do Enterro com todo o asseio como he costume" (Arquivo Distrital de Braga, Ms. 341. Livro Curioso, p. 201).

En el siglo XVIII la ceremonia se hacía en el patio de la iglesia de la Santa Cruz, y en el XIX en el Campo de Santana, con notable escenografía y numerosísimo público según testimonia João Luís Jácome de Sousa Pereira en su Diário:

"Hoje 8 de Abril de 1803 dia de Sesta feira da Paixão do Senhor, se fes o decimento da Crus no Campo de Santa Anna desta cidade de Braga, formandoce hum monte logo o pé das convertidas, que parecia monte proprio, e por aquelle citio athe o direito da Torre dos Congregados, se fizerão palanques no dito campo, e em todas as fronteiras das cazas para gente ver, e pella vanda de sima athe as cazas do Dr. Joze Antonio da Motta, a assim aparecerão todas as figuras daquelle sublime acto, vestidos os Profetas, e S. João, e a Madalena, e as Marias, e o senturião, com a maior riqueza, e da mesma sorte os Anjos, e os soldados vestidos a tragica muito bem todos em oniforme de sorte que tudo fazia grande vista, e foi Pregador o Abbade de Esmeris, e Arcediago de hum dos Arcediagos da Sé Primas, que o fes muito bem, suposto nesse dia esteve muito frio, e alguns chuveiros, e choveo de noite quando andava a Procição, que foi pello Campo da Vinha, e se abrigou nas Igrejas do Salvador, e Popello, e veio pella rua nova asima, rua de S. Marcos, e recolherce a Santa Crus, e foi função em tudo completa como devia ser, e se não tinha feito milhor em duas paçadas que se fizerão, e eu vi os annos paçados; seja o Senhor Bendito que tantos tromentos padeceo, para mor de mim pecador, e de todos os mais pecadores, que de todos haja Mezericordia e Piedade: comcorreo aqui muita gente de fora de longe, e familias nobres, e se emcheo todo o dito Campo e janellas de gente, athe à Senhora da Lapa, cruzeiro do heirado, e porta do Souto, e se julgou serem mais de quarenta mil pessoas que alli estavão, e tudo esteve susegado, e vierão soldados de Vianna para sentinellas, e arumar o povo nas paçages das figuras, da Senhora da Lapa para o dito monte, e não faltou fartura de todos os mantimentos ainda que caros".

En la actualidad la ceremonia del Descendimiento ha desaparecido, pero se conserva el Cristo en la iglesia de la Santa Cruz (Foto 1), y lo que sí se sigue haciendo en la Semana Santa de Braga es la Procissão do Enterro y la Procissão Teofórica do Enterro do Senhor, la primera por las calles de la ciudad con un yacente en esquife bajo palio (cf. Foto 2A) y la teofórica por las naves de la catedral bracarense. En esta última no se utiliza una imagen de Cristo sino una hostia consagrada encerrada en un ataúd cubierto por un manto negro (cf. Foto 2B) que se pasea por el templo con dos niños o dos mujeres que, alternando con los responsorios del coro sacerdotal, se lamentan cantando en latín: "Heu! Heu! Domine! Heu! Heu! Salvator noster!" [1].

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[1] La ceremonia se celebra en Braga al menos desde 1558 (Missale Bracarense impreso en Lyon, cf. https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k993722f?rk=21459;2), y como otras ceremonias del encierro y sepultura de una hostia (cf. la de Lugo (Galicia): https://juliomontanes.synology.me/bases/representaciones/?-table=representaciones&-action=browse&-cursor=0&Numero==375), parece evidente que se trata de una pervivencia de la antigua ceremonia litúrgica medieval de la Depositio hostiae introducida en Portugal por la reina Felipa de Lancaster a finales del siglo XIV, la cual estuvo relativamente extendida en el país, mucho más de lo que Solange Corbin suponía como ha demostrado James Monti. Las Depositiones litúrgicas decayeron en el siglo XVII y fueron prohibidas en Portugal a comienzos del siglo XVIII (en Leiria en 1702), y solo la de Braga se ha mantenido hasta la actualidad.

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REFERENCIAS:

Arquivo da Irmandade de Santa Cruz (Braga). Diretório do Descendimento da Cruz e procissão do Enterro da Irmandade de Santa Cruz de Braga.
Arquivo Distrital de Braga. Fundo da Santa Casa de Misericórdia de Braga, 14.º Livro dos Termos, 1757-1769.
Arquivo Distrital de Braga, Ms. 341. Livro Curioso. Hay edición moderna con introducción de Ana Macedo y transcripción de Rui Faria, Câmara Municipal de Braga-Arquivo Distrital de Braga, 2020.
Arquivo Distrital de Braga. ACA-88-1, Diário e Livro de Razão de João Luís Jácome de Sousa Pereira de Vasconcelos (1787-1808).
Missale Bracarense de 1498 (ed. Nicolaus de Saxonia).

AZEVEDO, P. José Manuel Semedo, Procissões da Semana Santa e Domingo de Páscoa não contidas no Missal Romano. Guia litúrgico segundo costumes centenários de Portugal, Albufeira, 1960, pp. 49 ss. Disponible: https://semanasantabraga.com/wp-content/uploads/2017/03/Padre_JoseAzevedo_1960.pdf.
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CORBIN, Solange, La Déposition Liturgique du Christ au Vendredi Saint: Sa place dans l'historie des rites et du théâtre religieux (Analyse de documents portugais), Livraria Bertrand-Les Belles Lettres, Lisboa- París, 1960, pp. 66 y 261-62.
COSTA, Luiz, O Templo de Santa Cruz. Elementos para a sua história e da Irmandade de Santa Cruz da cidade de Braga, Irmandade de Santa Cruz, Braga, 1993. p. 50.
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FRANCO, Suely Campos, “Fazei isto em minha memória. A Semana Santa em São João del-Rei e em Braga", en: Revista da Misericórdia de Braga, nº 9 (2013), pp. 403-437 (p. 426). Disponible: https://www.academia.edu/22364254.
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MACEDO, Ana Maria da Costa, Arquivos de família e escritos autobiográficos: estudos de caso [Tesis Doctoral], Universidade do Minho, Braga, 2018, pp. 95-96. Disponible: https://repositorium.sdum.uminho.pt/handle/1822/60646.
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MONTI, James, A Sense of the Sacred : Roman Catholic Worship in the Middle Ages, Ignatius Press, San Francisco, 2012.
NOVAIS, Cláudia Sofia Bastos Carvalho, Manifestações festivas na Misericórdia de Braga (século XVIII) [Tesis Doctoral], Universidade do Minho, Braga, 2017, p. 87. Disponible: https://core.ac.uk/download/pdf/154276646.pdf.
PEIXOTO, Inácio José, Memórias Particulares. Leituras e Fixação do Texto de José Viriato Capela, Universidade do Minho, Braga, 1992, p. 49.

En internet: https://pt.wikipedia.org/wiki/Prociss%C3%A3o_do_Enterro_do_Senhor https://www.facebook.com/semanasantabraga/
Ficha del Património Imaterial da Semana Santa de Braga: http://www.matrizpci.dgpc.pt/MatrizPCI.Web/InventarioNacional/DetalheFicha/525?dirPesq=0