Hasta mediados del siglo XIX se hizo en Agueda (Portugal, distrito de Aveiro) una representación popular de la Pasión que duraba cuatro horas. Dirigida por un predicador, era en buena parte un mimo representado por los vecinos en tablados situados en diferentes lugares de la localidad, y terminaba en el atrio de la iglesia con la ceremonia del
Descimento da Cruz que Adolpho Portella describe en 1904, a partir de un relato de mediados del siglo XIX:

"
Arrependido o Centurião, começava logo o Descimento da Cruz. Por escadas de mão, Jusé de Arimathea e Nicodemus subiam acima do madeiro e tratavam de despregar a imagem de Jesus -o que levava o seu tempo, porque, a cada prego que cahia, o pregador tinha de dizer um longo trecho do sermão.

Ao fim de tudo. descido o cadáver de Jesus, depositavam-no nos braços da Virgem, envolviam-no no sudário, e encerravam-no no esquife (...) O Bom-Ladrão e o Mau-Ladrão eram dois monos de palha mascarados -calca branca de linhagem, bota de cano alto, carapuço de barqueiro-; Pilatos vestia capa de asperges; José de Arimathea e Nicodemus vinham de alvas e casulas pretas, com grandes turbantes na cabeça; San João vestia á maneira de príncipe: è, então, Magdalena, muito em contrario do que as rubricas da liturgia histórica lhe assignalam pela sua condição de arrependida, trajava de garrida seda verde, e os enfeites das jóias brilhavam-lhe por debaixo dos lindos cachos do cabello.
..".

________________________
REFERENCIAS:

PORTELLA, Adolpho,
Agueda : Chronica, Paizagens, Tradiçoes, Empreza Litteraria e Typographica, Oporto, 1904, pp. 272 ss. Disponible: https://archive.org/details/aguedapor00port/page/n1/mode/2up